Muita gente desconhece Alter do Chão, no Pará, como destino turístico que já foi considerado um dos mais bonitos do país. Mas para quem tem interesse em conhecer praias de rio de areia branca, água morna e em meio à floresta Amazônica, o vilarejo é o lugar ideal.
Para quem não sabe, Alter do Chão fica no Pará, no norte do Brasil. A melhor formar de chegar até a regoão é por meio do aeroporto de Santarém. De lá precisa percorrer uma distancia de mais de 38 quilomentros até o destino final, um paraiso também conhecido como Caribe Amazônico.
Banhado pelo rio Tapajós, o ecoturismo em Alter do Chão é mantido pela comunidade. Não existem redes hoteleiras ou grandes resorts no vilarejo, a maior parte das pousadas e hotéis são familiares.
“A gente vive numa comunidade onde tudo gira em torno familiar. Então é o pai que tem uma barraca, que coloca os filhos. A geração de emprego direto é familiar.”, explica Ronete Costa, dona de uma pousada na região.
De acordo com a Secretaria Municipal de Turismo de Santarém, cidade a qual o vilarejo está ligado administrativamente, em 2018 o município recebeu mais de duzentos mil turistas. Cento e noventa mil deles passaram por Alter do Chão.
Muitos desses turistas optaram por ter um contato mais direto com a natureza. A equipe da TV Brasil se desafiou a conhecer uma das trilhas que levam até a árvore mãe da Amazônia: a samaúma.
Floresta nacional do Tapajós
A maior delas está na Floresta Nacional do Tapajós (Flona), uma unidade de conservação ambiental com 527 mil hectares. Mais de 20 mil famílias moram dentro da área e a maior parte delas vive do turismo.
O guia turístico Raimundo Vasconcelos, vive com a família há quarenta e sete anos na Flona. Ele acompanhou a equipe da TV Brasil por uma caminhada de sete quilômetros, repleta de surpresas e ensinamentos sobre a floresta. No caminho, ele apresentou o Jatobá: “Ela seria uma árvore medicinal, porque dentro dela tem uma água chamada “seiva de jatobá”. E essa água, ela serve também para alguns tipos de doença” explicou o guia.
Ao fim da caminhada que durou mais de três horas, o ribeirinho apresentou, com orgulho, a vovózona, como eles chamam a árvore gigante. “Mil e cem anos que tem ela aqui”, mostra. Raimundo conta que quando passa uma semana sem visitar a árvore de 60 metros e que precisa de cerca de 30 pessoas para ser abraçada, sente saudade. “A gente sente muita falta, ela faz parte da vida da gente”, conclui.
Cultura local
O contato com as comunidades locais também motiva quem decide conhecer Alter do Chão. A pouco mais de 40 minutos de barco, pelo rio Arapiuns, um afluente do Tapajós, encontramos Nivaldo da Silva. Morador da comunidade Nova Sociedade, ele explica que o respeito que os ribeirinhos têm pela mata vem de ensinamentos que passam de pai para filho.
E ele é categórico, a Mata tem uma dono, o Curupira, e é preciso respeitá-la. “O meu pai, ele foi perdido diversas vezes e a gente acha que é o curupira né? Porque a pessoa se arrisca a ir pro mato, em busca de uma caça, e quando chega determinado lugar lá você já tá perdido no mato, você já não consegue mais achar a trilha que você veio, você já fica sem direção”, explica.
É da mata que Nivaldo tira o sustento para os filhos e a família. Com uma casa simples, entre o rio e a mata, ele prova que é possível viver em total sintonia com aquilo que o rio Arapiuns traz de presente. E afirma: os conhecimentos da floresta devem ser transmitidos a todos.
“É, isso já veio do meu pai. Passou pra gente e a gente já passa pra outras pessoas. É como eu falo, com fé em Deus a gente fica bom.”, conclui.
Veja também:
Conteúdo original produzido pela Agência Brasil